Internado há 22 dias no Hospital Regional Público do Marajó, em Breves (PA), administrado pelo INDSH, para tratamento de osteomielite (quadro inflamatório em um ou mais ossos), o menino W.F., seis anos, viveu um dia diferente na rotina hospitalar, graças à iniciativa de mediadores de leitura da ONG Vaga-Lume em parceira do hospital. O objetivo do projeto é despertar o interesse pela leitura, melhorar a integração com os pacientes e humanizar, cada vez mais, o atendimento.
A mais nova parceria do HRPM oferece leitura para crianças, jovens e adultos internados, aproveitando o vasto acervo da ONG, que inclui livros ilustrados com bordado, para atrair o leitor pela riqueza de detalhes, além de obras em braile para deficientes visuais.
A primeira atividade de leitura foi realizada neste final de semana na Recepção Central e nas Enfermarias. A atuação dos voluntários da ONG é diferente do contador de histórias tradicional, que interpreta o conteúdo do livro, e do professor, que precisa verificar o aprendizado.
De acordo com o pedagogo da entidade, Afonso Brito da Cruz, 54 anos, o Projeto Vaga-Lume prioriza livros que oferecem o contato do leitor com diferentes visões de mundo, como clássicos da literatura nacional e estrangeira, além de contos de fada e folclóricos, e fábulas e lendas que retratam diferentes épocas e culturas.
Acompanhado da mãe, a dona de casa Rafaela, 24 anos, W. conheceu algumas histórias contadas pelos voluntários da Vaga-Lume. “Achei o projeto muito bom. As crianças não estão aqui porque querem. Então, é muito importante incentivar a comunicação, o lazer, para ler e alegrar as crianças. Eu agradeço muito a todos. Meu filho tá muito feliz. Ele gostou demais”, disse.
Imaginação – Para a pedagoga Rosângela Gonçalves, supervisora do Núcleo de Educação Permanente (NEP) da unidade, a leitura é fundamental para o desenvolvimento da criança. “No ambiente hospitalar, a literatura infantil é um caminho que leva a criança a desenvolver imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa, amenizando as dores da internação. Quando as crianças ouvem histórias, passam a visualizar de forma mais clara sentimentos que têm em relação ao mundo”, explicou a pedagoga.
Afonso Brito da Cruz informou que a ONG foi criada em 2001 para oferecer oportunidades de intercâmbio cultural, visando à valorização do protagonismo de pessoas e comunidades rurais da Amazônia Legal brasileira. “A ação é muito gratificante. A gente vê as pessoas manuseando, lendo os livros. Aqui no hospital é de grande valia. A gente vê as crianças se superando. A ‘Vaga-Lume’ propicia isso. A gente se sente feliz em contribuir com o hospital em nosso município”, declarou o pedagogo.
A parceria com a ONG permite a realização de atividades junto com o calendário da Brinquedoteca uma vez por semana, e ainda na Recepção das Enfermarias, com livros expostos em esteiras, devidamente higienizados e validados pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). “Posteriormente, vamos formar mediadores para que se tornem voluntários da ONG dentro da própria unidade hospitalar”, informou.
A diretora executiva do HRPM, Rejane Xavier Gomes, enfatizou que, além de fortalecer a relação com a comunidade local e levar o aprendizado para pacientes internados, “a ONG tem o objetivo de promover o acesso ao livro e à leitura em comunidades rurais da Amazônia Legal brasileira, valorizando a cultura local. E nós vamos contribuir para isso”.
O HRPM é um órgão do Governo do Pará e oferece assistência de média e alta complexidade para usuários vinculados ao 8º Centro Regional de Saúde (CRS), composto pelos municípios de Breves, Anajás, Bagre, Curralinho, Gurupá, Melgaço e Portel. O hospital dispõe de atendimento ambulatorial de segunda a sexta-feira, das 7 às 18 h.
Serviço: O HRPM fica na Avenida Rio Branco, 1.266, Centro. Mais informações: (91) 3783-2140/ 3783-2127.
(Por Vera Rojas).