Criado em 2017, o Ambulatório de Transgêneros do Hospital Jean Bitar (Belém / PA) integra o complexo de saúde que atende a população transexual do governo do Pará, tema que foi destaque no Dia Nacional da Visibilidade Trans, em 29 de abril.
Após o primeiro acolhimento por uma equipe multidisciplinar, caso seja do desejo do paciente e caso ele esteja preparado, há o encaminhamento para o Hospital Jean Bitar, onde o paciente poderá realizar procedimentos cirúrgicos. De forma inovadora na região Norte, o ambulatório surgiu com o conceito de descentralizar atendimentos para pessoas trans fora do eixo São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Goiás, com o objetivo de oferecer cirurgias de redesignação sexual.
A unidade compreende atendimentos de endocrinologia com acompanhamento de hormonioterapia; serviços de cirurgia plástica (acompanhamento pré e pós-operatório) para colocar próteses mamárias de silicone das mulheres trans e mastectomia masculinizadora para os homens trans; serviço de ginecologia que realiza cirurgia de histerectomia e salpingo-ooforectomia bilateral (retirada de útero, ovário e trompas) dos homens trans, além do acompanhamento psiquiátrico.
Desde a criação, o ambulatório já realizou 23 procedimentos cirúrgicos, sendo 10 mastectomias, 10 colocações de prótese mamária e três histerectomia com anexectomia. Além disso, a equipe mantém o atendimento de 71 pacientes em acompanhamento.
“Muitas pessoas trans não têm condições financeiras de patrocinar esse tratamento, visto que é um tratamento crônico e por toda a vida. Mas, além da importância da economia financeira para os pacientes, vejo de forma ainda mais positiva a sensibilidade do Estado em apoiar esse serviço, entendendo que essas pessoas precisam ser acolhidas e tratadas. Quando isto não ocorre, os riscos de depressão e suicídio se intensificam”, diz Flávia Cunha, Cunha, médica endocrinologista e coordenadora do Ambulatório Trans do HJB.
Para garantir a assistência psicológica, o governo do Pará também oferece o acompanhamento com o profissional da área. Segundo Flávia, esse serviço é oferecido na Ure Dipe, que trabalha em parceria com o HJB – onde o foco principal é o tratamento hormonal e cirúrgico. “Muitos pacientes chegam com histórias de terem sofrido várias formas de violência: física, sexual, psicológica, etc. A aceitação familiar faz toda diferença no âmbito psicológico desses pacientes”, pontua.
(Com informações da Agência Pará).