As Santas Casas de Saúde são um importante componente do sistema de saúde do nosso país, prestando serviços essenciais de saúde a milhões de brasileiros, especialmente aqueles em áreas remotas e carentes. Suas origens remontam a fase de colonização do Brasil – as primeiras Santas Casas foram instituídas para tratar das tripulações dos navios colonizadores – portanto a influência portuguesa na forma de cuidar dos enfermos é clara e notória. Concentrando a maior parte das unidades nas regiões Sul e Sudeste do país, as Santas Casas se tornaram hoje pilar fundamental da rede assistencial do SUS (nosso Sistema Único de Saúde) nestas áreas.
No entanto, apesar da sua importância, muitas Santas Casas enfrentam desafios de gestão significativos que dificultam a sua capacidade de prestar cuidados de qualidade. Neste artigo, examinaremos os problemas de gerenciamento enfrentados pelas Santas Casas no Brasil e exploraremos possíveis soluções para esses desafios.
Sem dúvida, os desafios de gestão das Santas Casas no nosso país são numerosos e bastantes complexos. Um dos maiores desafios é a falta de recursos financeiros. 78% dos procedimentos de alta complexidade realizados pelo SUS ocorrem em alguma Santa Casa. Mesmo assim, elas geralmente operam com orçamentos muito apertados e lutam para obter o financiamento necessário para manter suas instalações e comprar equipamentos e suprimentos. Isso leva a uma série de problemas, incluindo equipes subdimensionadas, equipamentos desatualizados e suprimentos médicos insuficientes.
Outro desafio enfrentado é a falta de coordenação mais eficiente com o poder público. Tanto o Ministério da saúde quanto as secretarias de saúde dos Estados se utilizam muito das estruturas das Santas Casas como peça fundamental para “chegar” aos cidadãos que necessitam de algum tipo de tratamento. O apoio governamental precisa, então, ser maior, promovendo mais controle e eficácia nos resultados desta parceria.
Além disso tudo, as Santas Casas muitas vezes lutam com ineficiências burocráticas e falta de coordenação entre diferentes provedores de saúde. Isso pode resultar em atrasos no tratamento, falta de comunicação entre os profissionais de saúde e outros problemas que afetam negativamente os resultados dos pacientes. Isso é a falta clara de uma educação corporativa, focada em eficiência no manejo de recursos e informações, por parte de boa parte dos gestores destas instituições.
Mas é possível pensar em soluções viáveis, econômicas e com resultados eficientes.
Para enfrentar os desafios de gestão enfrentados pelas Santas Casas no Brasil, várias soluções potenciais podem ser consideradas. Uma óbvia é o aumento do financiamento, seja por meio de maior apoio do governo ou investimento do setor privado. Isso pode ajudar a enfrentar os desafios financeiros enfrentados por elas e lhes fornecer os recursos necessários para manter suas instalações e oferecer atendimento de qualidade.
Outra solução é melhorar a coordenação entre diferentes prestadores de cuidados de saúde. Isso pode envolver o desenvolvimento de um sistema de saúde mais integrado, onde diferentes provedores trabalham juntos para garantir que os pacientes recebam os cuidados de que precisam de maneira oportuna e eficiente.
Além disso, esforços poderiam ser feitos para atrair e reter profissionais de saúde qualificados para trabalhar nas Santas Casas. Isso pode envolver a oferta de incentivos, como salários mais altos, melhores condições de trabalho e oportunidades de desenvolvimento profissional.
Os desafios de para uma gestão eficiente em Santas Casas no Brasil são significativos, mas existem soluções potenciais que podem ajudar a lidar com essas questões. Ao aumentar o financiamento, melhorar a coordenação entre diferentes provedores de saúde e atrair e reter profissionais de saúde qualificados, pode ser possível melhorar a qualidade do atendimento prestado por estas importantíssimas instituições e garantir que elas continuem a desempenhar um papel crítico no sistema de saúde brasileiro.
* Daurio Speranzini Jr é um dos mais experientes líderes empresariais do mercado da tecnologia médica do Brasil. Formado em engenharia mecânica pela FEI, possui MBA pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e extensão em Business Administration pelo Massachusetts Institute of Technology – MIT. Há 20 anos ocupa posições muito destacadas – vice-presidente, presidente e/ou CEO – nas maiores companhias mundiais com foco em tecnologia, saúde e healthcare. Toda essa experiência proporcionou um capital importante para análises profundas sobre as características e os processos operacionais das estruturas de saúde, públicas e privadas.