(10/9/2019) A Comissão de Cuidados Paliativos (CCP) do Hospital Regional Público do Leste (HRPL) vem se especializando e avançando nos cuidados assistenciais oferecidos aos pacientes com doença grave ou até mesmo incurável. O chamado, cuidado paliativo, em sua fase 3, tem por objetivo aliviar o sofrimento e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com doença ativa e progressiva que ameace a continuidade da vida.
Composta por médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeuta, fonoaudióloga, farmacêutica, nutricionista, psicóloga e terapeuta ocupacional, a Comissão se reúne periodicamente para discutir e estabelecer práticas que primam pela humanização do cuidado, promovendo atividades ligadas diretamente as necessidades biopsicossociais, onde o foco principal é o paciente e não mais a doença.
“É o cuidar por cuidar. Melhorar a qualidade de vida do paciente, dentro das condições possíveis”, resume o médico generalista, Leandro Yokoyama, presidente da CCP do Hospital Regional de Paragominas. Segundo o clínico, quando um paciente evolui para os cuidados paliativos, geralmente fica muito tempo internado e sem perspectiva de cura, e para ajudar nesse tempo de internação, todas as medidas tomadas devem focar em garantir qualidade de vida e a dignidade desse paciente, seguindo o que ele chama de pilares dos cuidados paliativos: humanização, conforto e cuidado.
Nesse sentido, a equipe multiprofissional que forma a CCP do HRPL vem desempenhando um trabalho cada vez mais integrado. O hospital implantou uma unidade de cuidados paliativos, metodologia de comunicação com os pacientes que não conseguem interagir verbalmente e a família participa de todo o processo e acompanha o paciente 24h por dia.
“Nós estamos nos especializando. A Comissão vem introduzindo atividades com humanização no cuidado, enquanto que o hospital fornece a estrutura e o suporte necessários para atendimento ao usuário em terminalidade de vida”, ressalta o diretor assistencial do HRPL, Clóvis Guse.
Caso Raiflan – Internado desde o dia 14 de junho no Hospital Regional Público do Leste, Raiflan de Oliveira Ramos, de 25 anos, tem inspirado a Comissão de Cuidados Paliativos na busca por uma assistência cada dia mais humanizada. O jovem, que é portador da esclerose lateral amiotrófica, doença rara, conhecida como ELA, foi transferido do hospital Ophir Loyola, em Belém, onde passou oito meses internado, para o HRPL, em Paragominas, para que pudesse estar mais perto da família. A ELA é considerada uma doença degenerativa do sistema nervoso, que acarreta paralisia motora progressiva e irreversível.
Segundo a mãe de Raiflan, dona Maria de Fátima Oliveira, os primeiros problemas começaram a surgir há pouco mais de 6 anos. “Quando ele tava com 19 anos começou a perder muito peso e caía à tôa”, conta dona Fátima. Desde então, o quadro se agravou e hoje, sem prognóstico, Raiflan evoluiu para os cuidados paliativos.
Após passar 12 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do HRPL, Raiflan foi transferido para uma enfermaria adaptada para pacientes em cuidados paliativos. Lá, ele passa 24 horas do dia na companhia de alguém da família. “O desejo dele é ir pra casa, mas nós não temos recurso, e ele precisa de tudo isso que ele tem aqui e a gente não tem”, lamenta a mãe, que garante que o filho e todos da família têm sido muito bem tratados no hospital. “Eu agradeço a Deus por ter nos trazido para cá. Do porteiro ao médico todo mundo trata a gente muito bem aqui”, acrescenta.
A história de Raiflan tem gerado grande comoção de todos no HRPL. A equipe multiprofissional da CCP criou um sistema alternativo para se comunicar com ele e tem, na medida do possível, proporcionado momentos de alegria e realizado alguns desejos, como: providenciaram uma caixinha de som para tocar suas músicas favoritas, instalaram TV no quarto e movimentaram uma grande equipe para que ele fizesse um rápido passeio pelo jardim para tomar um pouco de sol.
“Nós passamos a olhar para estes pacientes mais pelo lado psicossocial e menos pelo lado da doença, buscando enxergar suas necessidades e sintomas não só do ponto de vista físico, mas também do ponto de vista emocional, social e espiritual, pois é esse conforto emocional e psicológico, de fazer aquilo que lhe traz alegria que faz toda a diferença”, ressalta Carla Auad, psicóloga do HRPL, e vice-presidente da CCP.
Mas, dentro desse contexto, há algumas situações de exceção que pode levar a uma atuação denominada de desospitalização, dependendo do grau de paliação do paciente e do tempo de internação, devido a condição de terminalidade do mesmo, que leva a avaliação da possibilidade da continuidade desses cuidados no município de origem do paciente e perto da família.
O diretor Assistencial do HRPL, o enfermeiro Clóvis Guse, ressalta que esse processo pode ser viabilizado com a transferência desse usuário para o serviço de saúde do seu município ou no domicílio, com o devido acompanhamento Serviço Social do HRPL, visando garantir os recursos necessários para a segurança e continuidade do cuidado junto de seus familiares e amigos, proporcionando uma condição de assistência mais humana e de convívio diário.
(Por Mikaella Moraes).