Por Daniela Carbinato – Líder de ESG para Bens de Consumo e sócia da Bain & Company na América do Sul.
Nunca as forças de mudança tiveram o poder e a velocidade que apresentam hoje. Ao longo de mais de 20 anos acompanhando estudos e projeções da Bain & Company em parceria estratégica com o Fórum Econômico Mundial, moldando as tendências que determinam o futuro, assistimos hoje a um movimento sem precedentes e vivemos um período cheio de redefinições. Três fatores se destacam nesse sentido e devem impulsionar esta onda de transformações: a evolução sem paralelo da inteligência artificial (IA), os imperativos urgentes da transição energética e a nova ordem “pós-global” .
Para começar, a IA é indiscutivelmente um divisor de águas: cria oportunidades e implicações de longo alcance em todos os setores e, juntamente com a automação e a robótica, estão mudando a forma como trabalhamos e vivemos. Essas mudanças trazem consigo tanto possibilidades quanto obstáculos, e é fundamental que os líderes estejam cientes das implicações dessas transformações. O potencial de revolução da IA é evidente e este é o momento certo para as empresas compreenderem o que essa tecnologia significa para o seu negócio e indústria, integrando a IA em uma estratégia de longo prazo.
A necessidade de utilizar o poder da IA de forma responsável, para garantir que seja aplicada de acordo com valores éticos tem sido uma das principais discussões em torno da nova tecnologia. As empresas e os decisores políticos precisam se aliar para estabelecer as barreiras de proteção certas – a fim de preservar as pessoas e o interesse público – ao mesmo tempo em que a tecnologia melhora o desempenho empresarial, a produtividade e os padrões de vida.
Outro ponto relevante é a necessidade imperativa de agir diante dos desafios climáticos e sociais, que exigem uma resposta global para buscar iniciativas inovadoras e estratégias para enfrentar as mudanças climáticas e promover um futuro mais verde, sustentável e inclusivo. Os líderes empresariais e políticos estão cada vez mais conscientes da urgência de adotar medidas sustentáveis, reduzir as emissões de carbono e promover maior inclusão. Governos, empresas e a sociedade precisam começar a agir agora, tomando medidas concretas na direção de reduzir as emissões de carbono, desenvolver fontes de energia limpa e adaptar nossas cidades e infraestruturas às mudanças climáticas.
Para deixar o cenário ainda mais complexo, esses desafios – e a busca por soluções – estão acontecendo em um ambiente no qual forças econômicas e geopolíticas estão em plena mudança. É perceptível o desenvolvimento de uma era pós-global, que implica uma reengenharia das cadeias de produção e de abastecimento globais, bem como uma maior volatilidade no comércio e na regulamentação. Além disso, as novas dinâmicas em torno do capital, com taxas de juro mais elevadas no longo prazo, têm implicações importantes na forma como as empresas financiam a sua resposta às forças que remodelam o mundo.
As mudanças macroeconômicas e as tecnologias disruptivas têm o potencial de criar desigualdades, e é importante que as lideranças governamentais e corporativas estejam atentas a essas questões, buscando soluções para promover uma sociedade mais justa e equitativa.
Nesse sentido, a presidência do B20, fórum global formado pelo setor privado e que acompanha o G20, é uma oportunidade única para o Brasil. Temos a honra aqui na Bain de participar das forças-tarefas de Transformação Digital e Sistemas Alimentares Sustentáveis e Agricultura e estamos contribuindo com o fundamental trabalho de constução de consensos em áreas estratégicas e identificação de prioridades para os governos. É por meio dessas discussões e ações que a mudança real pode acontecer.
(Enviado por RPMA Comunicação).